Decantação da casa

De decantar a casa à flor do sono
para recolher os animais marinhos
que fluem na sombra entre jarras esquias
se difunde a inteligência de estar
e o mundo se adensa estremecendo
por entre as palavras da montanha
e nos nomes dos rios e maré alta.
O longínquo suspende-se num semblante
que poderia ser divino e é animal.
A sonolência é um regresso às árvores
que se inclinam na distração porosa
e tornam a habitar o centro da atenção.
Imóveis na deriva somos a sombra viva
da transparência. Lúcidas as imagens
recortam o silêncio em humildes minúcias.
Na serena encantação as paredes resplandecem
e na realeza do instante o espaço doura-se.

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