O leitor sob esta lâmpada verá

O leitor sob esta lâmpada verá
não os fortuitos movimentos de duas sombras
entre pequenos monstros de pedra ou cinza
nem as aranhas vermelhas de uma noite obscena
mas só as imediatas lanças que frementes
abrem espaço na margem do silêncio
ou penetram no bosque onde o possível é azul

A rede do poema é a rede dos seus braços
envoltos numa teia de argila e de veludo
Não há nenhum firmamento para proteger os passos
e os grãos de areia estalam sob os pés
Mas a transparência surge quando o pulso
desenha as delicadas veias transparentes
de um corpo futuro cujo púbis de água
o incompleto lábio do poema beija na brancura

Comentários

Mensagens populares